Epígrafe de Rubem Alves

quinta-feira, 30 de junho de 2016

A manhã esta linda: céu azul, ventinho fresco...Esta alegria de viver me faz encontrar Deus a passear pelo jardim ao vento fresco do dia. Como eu, Deus prefere as delícias deste mundo material às delícias espirituais do céu. É claro que, se ele estivesse feliz nos céus, não teria criado a terra. Pois Deus, segundo os teólogos, em virtude de sua perfeição, faz sempre o melhor. Assim, o paraíso tem de ser melhor que os céus que já havia. E Deus gostou tanto da terra e de seus jardins que resolveu para ela se mudar em definitivo e se encarnou eternamente. Deus ama a vida sobre a terra, mesmo com a terrível possibilidade de morrer. Porque a vida é bela a despeito de tudo.
(Rubem Alves)





Stand By Me - Ben E King, 1961


É possível ouvir as palavras que o coração murmura..

É possível ouvir as palavras que o coração murmura...
Por que choro?... Se eu pudesse, faria das minhas lágrimas brisas de alegria, doçura e encanto. Pediria ao sol que nunca deixasse de brilhar sobre os meus campos, que deveriam ser cobertos de flores pelas manhãs...
(Marilina Baccarat de Almeida Leão)

histórias que emocionam

Histórias reais quase sempre emocionam, e quando elas falam de escritoras e poetisas, as quais admiramos, parece que o fascínio se torna ainda maior. Grandes mulheres que com poesia e prosa mudaram o mundo, com sua peculiaridade, capaz de despertar em nós interesse, fascinação e até mesmo desapontamento, pois como leitores não cansamos de idealizar aquelas que um dia nos sussurraram aos ouvidos as mais belas palavras. Baseado na história real da escritora dinamarquesa Karen Christenze Dinesen (1885-1962), que mais tarde passaria a ter o nome de baronesa Karen von Blixen-Finecke, o filme se passa no começo do século vinte e retrata uma mulher muito à frente de seu tempo que por causa de um casamento por conveniência parte para a África e lá encontra o verdadeiro amor. O livro da escritora intitulado Out Of Africa, deu embasamento para o filme, " Entre Dois Amores",- Sydney Pollack, EUA, 1985, com uma interpretação maravilhosa de Meryl Streep e de Robert Redford e com uma fotografia e enredo primorosos, é um achado na Netflix.


O tempo foge

..." o tempo passa e não há forma de segurá-lo. E, logo a seguir, conclui: Carpe Diem – colha o dia como quem colhe um fruto delicioso, pois esse fruto é a dádiva de Deus. Os poetas e artistas têm sabido sempre disso. Porque a arte é isso, pegar o eterno que cintila por um instante no rio do tempo. Como está escrito neste lindo poema de Paul Bouget que Debussy musicou e a Barbra Streisand gravou : “Quando, ao sol que se põe,/ os rios ficam cor rosa,/ e um leve tremor percorre/ os campos de trigo,/ parece das
coisas surgir uma súplica de felicidade/ que sobe até o coração perturbado./ Uma súplica de beber o encanto de se estar no mundo/ enquanto se é jovem e a noite bela" ...
O tempo foge; Curta o dia...!
(Rubem Alves)

STF

Foto de Movimento Contra Corrupção.

canto do inverno

terça-feira, 21 de junho de 2016

O inverno chegou...
Ao longe,a luz da última estação se apagando, tingindo de ouro o horizonte,dá lugar aos seus braços brancos e gélidos...
Noites frias de junho surpreendem cigarras festeiras que descem preguiçosamente pelos fios de seda e calam seu canto...
Ouve-se os últimos pios da cotovia em reverência ao silêncio hibernal, na esperança de outros madrigais...Pardais vão em busca de beirais para morar e as andorinhas partem em revoadas em busca de calor...
Na serra,os montes se revestem de brancos trajes do orvalho da noite, condensado pelas manhãs...
A chuva miudinha alimenta e faz crescer o limo no tronco das paineiras de galhos esquálidos,como a pedir aos céus que os revista de outras flores...Tudo se aquieta...A terra dorme...
Há uma sinfonia silente dos seres com ela adormecidos,como a agradecer sem alarde o calor de asas,aconchegos e abraços...
O murmúrio da fonte faz-se quase inaudível e de longe ouve-se o estribilho do vento que penetra pela fresta da telha,e faz a coruja se encolher na cumeeira...
Nas chaminés já se vislumbra a fumaça gris ,ouve-se o crepitar da lenha no fogão...
O pequeno bem-te-vi agasalha em seu ninho, seus filhos ainda em plumas,de bicos arroxeados como mãos de crianças com frio...Na solidão das estradinhas o luar quase prata se derrama sobre a mata, e a canção da brisa gélida passeia por entre os galhos do ipê ,fazendo bailar as últimas folhas lívidas de frio...
As árvores quase desnudas esperam suas novas vestes tecidas caprichosamente pelo amanhã que certo virá...
As sementes descansam no seio da mãe terra,pois sabem que não tarda,a primavera com seu sorriso debruado de flores as acordarão ...
E no inverno sob o céu sem matizes,repousa calma e serena a natureza, pois sabe que há encanto e magia em cada estação.
(Melinda Lacerda)

Desejo

Desejo a você, que na vida seja flor... e enfeite janelas, altares, estradas e o cabelo da menina... e se “flor" morrer,que renasça fruto e adoce a vida de gente e passarinho... que o tempo bom teça pacientemente dias a fio... e que as horas, suas filhas apressadas, nunca sejam marcadas e se arrumem bem devagar e quando passarem, que passem alegres, despreocupadas e sem destino, como passam as borboletas pelo seu caminho... que seja livre como o vento que vai para onde quer...Te desejo uma história recheada de sonhos e confeitada de alegria e que depois de vivida, sirva para canção ou poesia... desejo eterna aurora nos seus dias... mas se acaso for breve a sua vida,que seja leve e colorida como bolha de sabão...!
(MelindaLacerda)

confissões

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Confissões sobre o lugar que agrega conforto, esperança, caos e cores...
Durante uma viagem, todos nós passamos por diversos lugares, nos deparamos com pessoas de várias cores, jeitos, formas e cada uma delas com suas devidas complexidades, limitações, agregando, principalmente, qualidades inerentes a cada um. Assim como vamos ao encontro das pessoas, quando partimos as deixamos exatamente na mesma "proporção", sentimos que, ao ir embora, uma parte de cada pessoa, cada encontro vem conosco e, da mesma forma, deixamos um bocadinho de nós nos outros. Existe um "elemento" infinito que nos persegue o tempo inteiro; CÉU.
É incrível como um único lugar consegue agregar uma extensa carga de infinitude.Capaz de consolar, abraçar,, emocionar (na maior parte das vezes), nos tirar um sorriso, preencher lacunas e, da mesma forma, criar lacunas. Ser responsável pela dimensão do tempo: amanhecer, entardecer, anoitecer. Afinal, quem não se importa com o tempo? É engraçado, mas não consigo recordar as vezes que não dei uma espiadinha pela janela com a curiosidade de saber como está "o tempo lá fora". Além do céu, a música é outro responsável por boa parte das emoções trazidas por essa extensão incrível que nos cerca . Agora, imaginemos o céu e a música unidas, sem dúvida, dá à vida um sentido muito maior...! caem como uma luva quando comprometido com a arte de contemplar o que o céu tem de mais íntegro: ser o lugar mais bonito do mundo.
(Rebekka Menezes)

... o que a alma escuta

... creio que é possível ouvir coisas que nem som emitem. Escutar os pensamentos; o grito na arte de Edvard Munch e como diria Bilac que até mesmo estrelas se escuta, Depois das estrelas, a manhã. O canto da cotovia.
Clarice Lispector teria também percebido que certa hora da tarde as árvores que plantara riam dela.
Ouso dizer que o silêncio é o mais pleno de todos os sons: sem ele, não haveria distinção de qualquer outro.
Minha palavra final fica nesta peça de John Cage, chamada 4’33’’. O nome refere-se ao tempo que a orquestra passa com instrumentos em mãos, sem tocar uma nota sequer. O intuito da peça é fazer com que as pessoas prestem atenção aos sons que elas mesmas produzem.
Hão de concordar comigo que, se é possível escutar o que não soa, então escutar, de fato, não se faz com os ouvidos. Os ouvidos são para ouvir, o que pode vir a se tornar escutar.
Mas escutar não se faz primordialmente com os ouvidos, se faz verdadeiramente com a alma.
(Mariana Martins)

... noticias...

... noticias tão estarrecedoras... de britar a alma, triturar o espirito e esmagar o coração; destruição da natureza, fome, pobreza, desemprego, doenças, sequestros, guerras, estupros, violência, enchentes, fanatismo religioso, corrupção, escravidão, racismo, drogas, migração. Estamos a provar o gosto amargo do colapso. E, notar, ao invés de mãos estendidas, unhas. Não tenho competência para escrever tese que a razão exige...e sem ânimo para tentar elucidar ... Além disso, a hérnia de hiato emocional me deixou com o humor sensível. Tenho medo de parecer pessimista... A companhia que o coração pede, brota trágica.
Quem sabe, se insistir, consigo vazar um filete do positivismo que ainda resta. Álvaro de Campos afirmou que “temos todos duas vidas: a verdadeira, que é a que sonhamos na infância, E que continuamos sonhando, adultos num substrato de névoa; A falsa, que é a que vivemos em convivência com outros, Aquela em que acabam por nos meter num caixão”. Introspectivo, silente e contemplativo, prefiro desocupar a alma da vida prática para reencontrar a que sonhei na infância, antes que seja tarde demais".
"Permaneço de boca espantada, o mundo dependente de intervenções pontuais de Deus ou esperando salvamentos particulares que aliviam as agruras da existência".... (Ricardo Gondim)



Gratidão

"... Quando lembramos de cada nova muda de afeto que se recebe se vê florescer devagarinho no nosso jardim, a lembrança afasta as nuvens momentâneas e deixa o céu à mostra. Faz um sorriso sereno acontecer em nós. Acende uma música que a gente só consegue ouvir quando a palavra descansa...Quando lembramos que crescer é, no íntimo, um exercício solitário, mas que não estamos sozinhos na sala de aula da vida, saboreamos o conforto dessa recordação. Estudamos, lado a lado, inúmeras lições, mas também criamos espaço para celebrar os mágicos momentos de recreio. Às vezes, com alguma leveza, até descobrimos juntos um segredo libertador: o aprendizado e o recreio não precisam acontecer separados.
Quando lembramos o quanto as nossas vidas se entrelaçam amorosamente com outras vidas nessa tapeçaria de fios sutis dos encontros humanos, a gratidão emerge e se espalha, em ondas de ternura, por toda a orla do nosso peito. Diante de tantas incertezas, essa verdade perene: o Amor compartilhado é o sábio curador...
Quando lembramos, agradecemos. E respiramos macio"...
(Silvia Meister)

Liberdade: a essência da alma

O pássaro engaiolado dentro da caixa de vidro bate suas asas num esforço inútil: jamais conseguirá sair. Para quem olha de fora parece tão simples… Basta que a tampa seja retirada para que o liberte.
O pássaro muitas vezes sabe a receita, mas a tampa de vidro é pesada para que ele por conta desloque-a. Ele vê o mundo,
compreende que esta preso porém se vê sem saída.
Somos uma perfeita analogia com o pássaro preso: todos queremos ser livres: Queremos ter almas livres. A liberdade é o nosso combustível. Ferramenta chave que faz nossa alma pulsar, e é por ela que oramos. Nossa alma não precisa ver, guia-se através do sentimento. Nossos sentimentos é que nos fazem voar... Nossa alma é um corpo que pulsa para nos levar aos crepúsculos mais belos. Mas nós pelos nossos medos, construímos caixas de vidro. Nada lá dentro pode nos machucar (a não ser nós mesmos…). Silenciamos nossa alma, tornamo-nos pássaros incapazes de voar. E toda alma tem por natureza, na sua essência, o desejo de voar...
Mantenha sua caixa de vidro sempre aberta. Entre nela se precisar descansar. Mas nunca tampe-a... para poder alçar voo assim que desejar. Seja uma alma bruta e livre, plena na sua essência, onde as lapidações passaram apenas para fortalecer as asas...!
É voando que se respira feliz…
(Raquel Alves)

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Infância

A infância não é um tempo, não é uma idade, uma coleção de memórias.
A infância é quando ainda não é demasiado tarde.
É quando estamos disponíveis para nos surpreendermos, para nos deixarmos encantar.
Quase tudo se adquire nesse tempo em que aprendemos o próprio sentimento do Tempo.
(Mia Couto)

Осень - мое маленькое счастье - Поздравительные открытки на все случаи жизни! - Bagima

silêncio

Esta é uma escrita a partir do  silêncio de Beethoven. Uma escuta da Ode à alegria da Nona Sinfonia, ou de como do coração do silêncio encontrar a alegria. A clarividência de uma serenidade que só pode ser alcançada descendo à mais silenciosa calma. Este não é um texto técnico sobre a música de Beethoven (1770-1827),o que interessa é a escuta, o silêncio e a alegria. O silêncio é o da escuta. Porque do ouvir, originário do ouvido, pode ser apenas o aparelho do corpo preparado para receber o som exterior. Quanto mais ele perdia contato com o mundo exterior, mais puro se tornava o olhar que dirigia ao seu próprio mundo. Não apenas a música, mas a poesia escuta o silêncio das coisas. Shakespeare havia chegado em tamanha perspicácia. Por isso a Ode à alegria, em versos. Ou seja, estar alegre é estar vivo no próprio corpo e isso apenas é possível estando no próprio corpo, escutando seu abismo, em silêncio.
Talvez seja essa alegria de compôr de Beethoven.
Como experiência para uma alegria, é preciso escutar o silêncio, muito mais que ouvi-lo. A alegria silenciosa de Beethoven é essa meditação.
(Jaqueson Luiz Silva)

o arco-íris da saudade

Somos a somatória de todos os nossos retalhos...
O passado é como uma colcha de retalhos onde cada parte da vida é costurada. Alguns são rasgados com a passagem do tempo, alguns estão bem costurados, uns sem graça, lembrando decepções... Outros trazem vida e frescor a memória...Dentre os melhores vão ter sempre aqueles retalhos que trazem um aperto ao peito, lembrando de pessoas e momentos que ficaram para trás...amigos de infância que lembram um tempo em que se era bem mais feliz... subir em pé de fruta, empinar pipa, fazer bolos de barro, pular amarelinha e cabular aula para tomar sorvete, dos que faziam a barriga doer de rir e com isso melhoravam o nosso astral; um retalho florido, em tons de amarelo, porque a alma deles brilhavam como o sol, ainda o que fazia o coração bater de um jeito diferente, que despertava um sentimento que nem se conhecia... que lembrava do aniversário, e que perto dele, todos os outros não tinham a menor graça; um retalho verde vivo, da mesma cor de seus olhos, os olhos que nos fizeram dormir sorrindo por meses. A avó que fazia bolachas de natal, que sempre achava todo mundo magro demais e que havia feito comida de menos, ela, que sempre deixava fazer coisas que mãe nunca deixará, um retalho azul, da cor do céu, porque olhar para ela sempre trazia toda calma do mundo. E também o amor que sempre será o amor da vida, não importa o quão longe.., um retalho vermelho e rosa, mesclado da maneira mais bonita possível, pela gostosa loucura que fez da nossa vida. Que o arco-íris da saudade sempre nos lembre que a vida valeu a pena e que ainda vale, que possamos costurar mais retalhos coloridos e alegres e que os cinzas e feios só apareçam quando não houver outro jeito. Que sejamos o bom retalho para os outros, assim como muitos já foram para nós...
(Samanta Selzler)

Prece a Vida

Hoje eu só queria mandar pelo vento um ramalhete de flores para a vida...! Rezar minha prece ... Agradecer os meus dias... E que se não houver sol nos meus dias e os rios tecerem nuvem temporã, eu entenda que toda estação produz o pão,ainda que de cada uma delas só se espere frio ou calor, fruto ou flor. Eu creio no que meu coração espera, ainda que meus olhos me guiem na fraca e tênue luz da espera "do contemplar para crer.".. Compreender que na vida só existe ponto de largada, e que não há reta de chegada, pois que é uma constante ida, seguir contemplando a paisagem, ser passageira da esperança e não da agonia...Perfumar a minha passagem com a flor que nasceu nesta manhã,a ser grata pelo tempo presente e também pelo que passou,sabendo que o passado não foi perda e sim aprendizado...Que eu esteja sempre em paz e preparada para receber o inesperado... Que em tempos de aridez de alma, seja o meu coração terra fértil e sagrada para a tenra e frágil semente da gratidão...!
( Melinda Lacerda)

os dias...

...Os dias nos empurram, as estações continuam desabrochando suas flores, seus sóis e seus frutos, e nós, com nossos conflitos e dramas, também precisamos nos levantar, abrir janelas e sorrisos pra pegar a liberdade no ponto quando ela passar...É preciso fugir da torre onde a vida nos trancafiou que quando se tem tempo e pés para continuar, a coragem chega e aí nada mais falta...
E quando as coisas estão perdendo o sabor e a validade, é que chegou a hora de jogar fora a velha história e fazer uma nova, que vida sem tempero não dá...
E seguir assim…
Sem se agarrar a um único motivo para ser feliz, por que a felicidade não está num só romance, numa só idade, num só momento…
 A felicidade é atemporal e multifatorial...
É preciso conjugar o verbo "estradar" e buscar novos motivos, novos casos e novos caminhos, que a gente não vem com refil, e corpo é embalagem biodegradável de alma...
Não dá para reaproveitar!
(MelindaLacerda)



Arraiá

... questão do tempo... todos os anos, a festa Junina era na praça em frente a Igreja matriz,  decorada com bandeirinhas, local onde se reunia as famílias no mês de junho para festejar com fogueira e quitutes  Sinônimo de alegria, de musica e de dança. É como abrir o portão e entrar ... vestiam-se de caipiras, distribuição de saquinhos de pipoca, pé de moleque, paçoca, quentão e pinhão, enquanto o violão ensaiava musicas no arraial preparando-se para muita cantoria a noite adentro, acrescentando outros eventos e recreações; pescaria, corrida do saco, quebra-pote, correio elegante, bingo,, o concurso de quadrilhas. A paróquia convidava as comunidades para participar, geralmente os jovens da crisma. Os ensaios aconteciam ao anoitecer nas proximidades da igreja e eram perfeitos. Os pares eram escolhidos de acordo com a vontade de cada participante. A noiva com o noivo sempre arrumavam um jeito de divertir o pessoal; a noiva fica grávida antes do casamento e os pais obrigam o noivo a casar. Este se recusa, sendo necessário a intervenção da polícia. O casamento é realizado com o padre e o juiz, sob as garantias do delegado.  Após as escolhas, cada casal dirigia-se para o salão da igreja para receber os avisos e orientações gerais da festa. Os ensaios eram perfeitos. A saia das meninas tinha o mesmo pano xadrez da camisa dos meninos,alguns com detalhe em azul e outro em vermelho e calça remendada com os panos e chapéu de palha. Havia estouro de fogos de artifícios, então, o sanfoneiro, os músicos puxavam a dança ao ritmo da quadrilha, o baile em comemoração ao casamento. Se fazia a noite fria em verão, profusão da alegria,em um céu todinho estrelado... Que saudade eu sinto dessa noite fria de Junho, onde lá no Terreiro a fogueira ardia em brasa num clarão de .lua. Fazia requebrar as ancas das Maria’s e a atiçar o fogo ardente no coração dos João’s.
Viva, São João...!
Renasce o riso fagueiro com a brisa doce da época.


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A vida precisa do vazio:

“A vida precisa do vazio: a lagarta dorme num vazio chamado casulo até se transformar em borboleta. A música precisa de um vazio chamado silêncio para ser ouvida. Um poema precisa do vazio da folha de papel em branco para ser escrito. E as pessoas, para serem belas e amadas, precisam ter um vazio dentro delas. A maioria acha o contrário; pensa que o bom é ser cheio. Essas são as pessoas que se acham cheias de verdades e sabedoria e falam sem parar... Bonitas são as pessoas que falam pouco e sabem escutar. A essas pessoas é fácil amar. Elas estão cheias de vazio. E é no vazio da distância que vive a saudade…”
(Rubem Alves.)

O frio vencendo

Uma estação que remete a vinhos, fondue, lareira, romantismo e elegância...e que para outros é associada à fila de hospital, nebulizador, descongestionante nasal, achim...
Resolvi partir para um terceiro viés: inverno se resume a isso?
Na Flórida, 49 pessoas foram assassinadas à queima-roupa por terem cometido a ousadia de serem gays, para lembrar que o tal "avanço da civilização" empacou e deu meia-volta. "Isso é inverno."
O estupro individual ou coletivo de uma menina, de várias, e de meninos, fazendo com que crianças se transformem em adultos com dificuldade de amar e de confiar. Isso é "frio de verdade."
Donald Trump ter chegado tão longe. Brrrrrrrr. "Petrifica."
A corrupção, o foro privilegiado, as alianças indecentes, a falta de comprometimento social, as delações canalhas da qual a Justiça se tornou dependente, a ausência de novos líderes, isso é que congela a alma e escurece mais cedo nossos dias. Quinze graus é verão. Um grau é sopa. "Abaixo de zero estão nossas perspectivas."
O que poderia nos aquecer...? Solidariedade, tolerância, educação. Três palavras ao vento que, de tão repetidas, já quase perderam o significado. Um pouquinho de humildade, menos pretensão, menos afetação, lutar por valores, que mobilizem, agreguem, aproximem pessoas. Por aí, quem sabe, a gente extraia algum calor bem antes de a primavera chegar...
(Martha Medeiros)

....as estrelas

... nas cidades iluminadas pelas lâmpadas elétricas o céu fica embaçado, a luz das estrelas fica fraquinha e a maioria desaparece. Nos tempos de antigamente, as noites eram realmente escuras.. era possível ver os céus, iluminados por milhares, milhões de estrelas, piscando…Pois os céus, durante a noite, não são uma imensa folha de papel preto cheia de pontinhos luminosos...? A luz das estrelas traz alegria...! Mário Quintana, um poeta velho com alma de criança, amava as estrelas e disse: “… que tristes seriam as noites sem a luz mágica das estrelas"...! De forma simples e serena o poeta consegue alcançar os nossos corações de forma que mal conseguimos perceber... Cecília Meireles, talvez a maior das nossas poetisas, logo após falar das estrelas, começa a falar sobre barcos a vela.
Mas o que é que barcos a vela têm a ver com as estrelas do céu...? Tem muito a ver... Aquela oração que se faz e que diz “assim na terra como no céu” vale para os navegadores; as direções da terra estão mostradas nas estrelas do céu. Os poetas, diferentes dos astrônomos, ouvem as estrelas...! Não são todos os que podem ouvi-las. Para ouvi-las é preciso tranqüilidade... Para se ouvir a voz das estrelas é preciso ser poeta ou… criança. Quem ouve as estrelas fica sereno. Muitos há que acham que as estrelas não falam. Elas tocam música. O universo é uma orquestra regida por Deus, compositor.
O poeta Fernando Pessoa, ao contrário, ao contemplar as estrelas não ouvia música. Ele tinha dó… “Tenho dó das estrelas/ Luzindo há tanto tempo,/ Há tanto tempo"…
(Rubem Alves)

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Dia dos namorados

domingo, 12 de junho de 2016

 .. que as declarações sejam diárias e o Amor seja constante...!