Ícaro Uther

segunda-feira, 30 de julho de 2012





Os dias seguiam quentes e a menina que cantarolava sonhos sorria escondendo a lágrima que teimava em manchar seu rosto. Franzina e cabisbaixa, a canção ia perdendo o tom; desbotando o Sol. Fingiu ser alegoria enquanto a encenação entorpecia seus sentidos. Seu coração doía.

Descobriu da pior maneira possível a dor da solidão. Pensou estar em uma terra desconhecida e inóspita, onde seu único desejo era voltar no tempo e trancar seu coração para que não pudesse ser ferido. Para que não pudesse ter amado. Para que não pudesse ser mais um…

Os sonhos – antes alegres e coloridos – estavam cada vez mais escassos. Não sabia há um bom tempo o que era encostar a cabeça no travesseiro e descansar. Ela não queria isso. Ela não queria que as imagens voltassem e transpassassem sua frágil imaginação.

A menina que cantarolava sonhos, enfim, adormeceu.

Ele pensou que o amor era um souvenir, uma peça descartável de um tabuleiro, sem imaginar que do outro lado tinha alguém que só queria segurar sua mão e ser um só. Um só coração que palpitasse em uníssono a vida inteira.

A menina que cantarolava sonhos, enfim.


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