NA ATMOSFERA DIÁFANA (Onde os Poetas se Encontram)

sexta-feira, 12 de julho de 2013


Todo poeta só tem um olho:
O do coração.
É por onde ele vê as coisas do mundo.
E por onde as coisas do mundo falam com ele.

Essa conversa ocorre em silêncio.
É colóquio de um plano virtual.
Mas é real, no espiritual.
Pois transcende o que se vê com os dois olhos.

O poeta está ligado, em Espírito, a algo maior que ele.
Ele é filho de outras atmosferas, diáfanas...
É portal vivo, lúdico, por onde os sonhos viajam.
Outros reinos convivem no reino de seu coração.

Às vezes, o poeta olha no vazio, e vê!
Então, os seus olhos brilham muito.
Ele sente a alma de outros poetas.
Sente que estão ligados, em Espírito.

E não importa onde eles estão;
Estão juntos, no mesmo coração.
Uma mesma canção os une.
A mesma Atmosfera Diáfana os envolve.

Ah, esses poetas inspirados...
Que falam de coisas invisíveis aos olhos;
Que lembram aos homens de algo mais...
Que se atrevem a sonhar com um mundo melhor.

Parece que a lira do destino tocou em seus corações.
E as estrelas desceram até eles.
Tomados de sutil encanto estelar, eles viram:
O lúdico era mais real do que o real.

Eles viram: muitos sonhos não eram sonhos!
E canções e poemas também curavam.
E eles disseram: “Não basta só sobreviver.
Para viver, é preciso sentir.”

Eles aprenderam aquilo que ninguém ensina:
A arte de ver com o olho do coração.
Aquilo que os olhos não veem, e a mente não entende:
O espiritual, o lúdico... Tão próximos e reais.

Sim, os poetas se sentem, mesmo à distância.
E sabem que nem a morte pode impedir isso.
Pois eles veem o invisível e se inspiram mutuamente.
Eles conversam sem palavras, na Atmosfera Diáfana.

Há algo no ar, e eles captam.
Há algo na música, e eles sentem.
Há algo na vida, mais do que viver, e eles sabem.
Há algo neles, maior do que eles mesmos.

As luzes sutis dançam além, e eles veem...
Quando dormem, viajam até o céu dos poetas.
Ali, não há poetas mortos, só amigos que se sentem...
Em espírito, eles sonham e escrevem juntos.

Às vezes, alguns deles se lembram dos encontros astrais*.
Então, eles escrevem alguma coisa.
Sabem que poucos compreendem a atmosfera diáfana;
Mas escrevem, mesmo assim, pois há algo mais...

Há algo mais neles, maior do que eles mesmos.
Há algo mais na vida, e além dela...
Por isso, seja como for, eles escrevem sobre o lúdico.
Eles sabem que há outros corações que sentem e veem...

Wagner Borges

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