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terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Há quem diga que amigos costumam nos ver um pouquinho melhor do que somos de fato. Tendemos a ir um tanto além de nossas forças para estar ao lado de quem nos pede e nos dá atenção, às vezes sem sequer perceber os limites que ultrapassamos. Porque há prazer de estar nesse lugar: a troca é gratificante e nos sentirmos aceitos, úteis, queridos, aquece a alma, independentemente de quanto frio faça do lado de fora. Foi o que aconteceu com Lia e seu melhor amigo em O urso e a árvore, escrito e ilustrado por Stephen Michael King.
Na história, a menina se entristece quando sua árvore preferida perde as folhas. Quando a vê chorando, o urso – que já se preparava para sua longa soneca de inverno – deixa de lado a tarefa de reunir folhas para forrar sua cama, se esquece do sono e, embora soubesse que precisava descansar, prefere sentar-se ao lado de Lia e dividir seu guarda-chuva com ela. E, em vez de dizer adeus, aninha a garotinha em suas costas macias. Aquecida, Lia se esquece das lágrimas. Os dois então brincam, desenham, dançam e enfeitam a árvore nua, motivo de tanta amargura com as folhas coloridas que o urso guardara. As horas se passam. Anoitece, amanhece. Exausto, o animal boceja, mal consegue manter os olhos abertos. Lia já não chora e sabe que seu urso querido precisa fechar os olhos, voltar-se para si, aconchegar-se, dormir. E talvez reencontrá-la em sonhos.


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