Esta é uma escrita a partir do silêncio de Beethoven. Uma escuta da Ode à alegria da Nona Sinfonia, ou de como do coração do silêncio encontrar a alegria. A clarividência de uma serenidade que só pode ser alcançada descendo à mais silenciosa calma. Este não é um texto técnico sobre a música de Beethoven (1770-1827),o que interessa é a escuta, o silêncio e a alegria. O silêncio é o da escuta. Porque do ouvir, originário do ouvido, pode ser apenas o aparelho do corpo preparado para receber o som exterior. Quanto mais ele perdia contato com o mundo exterior, mais puro se tornava o olhar que dirigia ao seu próprio mundo. Não apenas a música, mas a poesia escuta o silêncio das coisas. Shakespeare havia chegado em tamanha perspicácia. Por isso a Ode à alegria, em versos. Ou seja, estar alegre é estar vivo no próprio corpo e isso apenas é possível estando no próprio corpo, escutando seu abismo, em silêncio.
Talvez seja essa alegria de compôr de Beethoven.
Como experiência para uma alegria, é preciso escutar o silêncio, muito mais que ouvi-lo. A alegria silenciosa de Beethoven é essa meditação.
(Jaqueson Luiz Silva)
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