NESSE MEU MAR

domingo, 7 de março de 2010



Sempre fui tanto mar quanto sensações profundamente quase infinitas...
Ainda que se permeie às vezes em terra àrida ante a sobrevivência e de toda sorte de intempéries não se foge do contorno azul esverdeado dessas águas, torna-se capaz em viver... mas que na verdade já estão dentro de mim, apenas se calam no interior...
Águas que correm... águas que curam... águas doces que se misturam nas águas salgadas e nelas se espelha o céu e flutuam as estrelas.
Talvez seja mesmo aqui, onde o coração ruboriza e aquece esperanças...
Enlevo onde deito, canto e escrevo
Quando bate a solidão
Onde rola uma canção
Quando a alma reclama
Quando tenho pouco a sorrir
Apenas um olhar a escoar...
sobre as areias desse meu mar
Talvez seja mesmo aqui...
o luar a deslizar e mostrar-se a maresia
ondas luminosas a inflamar sinuosidade as pedras
Onde a lágrima já não tem motivo de ser...
Talvez seja mesmo aqui...
... porque me habituei a viver dessa sede de sal.

UM OLHAR ATÉ O CÉU



Olho o céu em noites de céu estrelado...
Ao som de um mar sereno, das gaivotas que retornam aos abrigos nas rochas íngremes e sinto uma brisa suave que sopra de mansinho...
Refrescando aos poucos os poros do meu corpo por entre suspiros...
O silencio vem além...
Existe certa magia em que a realidade não acompanha...
Não há névoa amarga e nem faz doer o feitiço enviado pela solidão.
Perco-me entre as estrelas e a cada vez que uma delas delineia o infinito aspiro desejos...
Conto segredos...
Apesar das letras não ter som, vibram nos tons da imaginação...
Doce aroma da noite deixa transparecer...
No meu peito algo veio florescer...
Veio envolver...
E por essas ondas deixo-me embalar que brilha com o luar
São noites de ternura...
Emudece a fala
As horas são lentas...
Refugio-me no crepúsculo
A noite canta para mim antes que o sol rasgue o véu para o amanhecer chegar...
Meu coração sem resposta insurgiu ao pulsar...
Revela minha face...
Verdades e mentiras
Sorrisos e lágrimas...
Em noites como estas... sob este infinito céu estrelado
Quando será que os meus olhos irão perder o brilho que ostentam?


TRECHOS DE UM DIÁRIO...




Sua imagem é de silhueta misteriosa, um enigma dentro da imaginação
Cores escuras delimitando onde inicia não indicando o término
A sombra esconde a identidade dos olhos percebidos pela alma
Manhã de sol descalça caminho entre águas e areia
Em minhas pegadas... sentimentos não são transparecidos...
São verdades amargas, dores... em meus passos
Só passa quando chove
O corpo dança na tempestade e a alma paira sobre as nuvens
Uma leveza sopra em alguns momentos em minha vida,
brisa doce, suave... dedilha a harpa dos ventos
Calmaria...
permeando o meu ser
Massageados pela espuma do mar
Dentro dos seios do sol
Entre desejos mudos uma química instantânea
envolvente, pujante... entre abraços, beijos, toques e olhares
Fechamos e nos jogamos ao deleite...
Nesse dia...
Juntos gastamos quase todo o mar

NAS TRILHAS...





Enquanto fantasio as montanhas e o revoar dos pássaros
Bate-me uma leve saudade, não sei do que
Entre a voz do meu coração, som sem som
Percebo aroma de pétalas de flores desconhecidas sobre mim
Enquanto lágrimas rolam impondo-me calar
A mente vai ao último do horizonte e a alma me ancora
em toada de pequenos gongos dentro de mim
sinto um olhar, cheio de amor e a serenidade a me envolver...
me velando silenciosamente
As montanhas me chamam
E vou até elas pelas trilhas do coração
Por onde andam os poetas
Escrevo, amo e sigo...