Pensamento

sábado, 31 de janeiro de 2015

❝ Eu ainda mando sorrisos aos céus, jogo risadas aos ventos, tenho pensamentos bons, e nunca me esqueço de agradecer. ❞

 Fernanda Myamoto

Furto de flor



Furtei uma flor daquele jardim. O porteiro do edifício cochilava, e eu furtei a flor.
Trouxe-a para casa e coloquei-a no copo com água.
 Logo senti que ela não estava feliz. O copo destina-se a beber, e flor não é para ser bebida
Passei-a para o vaso, e notei que ela me agradecia, revelando melhor sua delicada composição. Quantas novidades há numa flor, se a contemplarmos bem.
Sendo autor do furto, eu assumira a obrigação de conservá-la.
Renovei a água do vaso, mas a flor empalidecia.
Temi por sua vida. Não adiantava restituí-la no jardim.
 Nem apelar para o médico de flores.
Eu a furtara, eu a via morrer.
Já murcha, e com a cor particular da morte, peguei-a docemente e fui depositá-la no jardim onde desabrochara. O porteiro estava atento e repreendeu-me.
– Que ideia a sua, vir jogar lixo de sua casa neste jardim!



Carlos Drummond de Andrade. Contos plausíveis. Rio de Janeiro, José Olympio, 1985. p. 80.

Salmo 66 - Louvor e gratidão a Deus (Para rogar por justiça e pelo recomeço de uma vida normal após longos períodos de batalha.)


Salmo -  Canção. Ao regente do coro.

Que todos os povos louvem a Deus com gritos de alegria!
Cantem hinos de louvor a ele; ofereçam a ele louvores gloriosos.
Digam isto a Deus: “Como são espantosas as coisas que fazes!
O teu poder é tão grande, que os teus inimigos ficam com medo e se curvam diante de ti.
O mundo inteiro te adora e canta louvores a ti; todos cantam hinos em tua honra.”
Venham e vejam o que Deus tem feito, vejam com espanto as coisas que ele tem feito em favor das pessoas.
Ele mudou o mar em terra seca, e os nossos antepassados atravessaram o rio a pé.
Ali nos alegramos com o que ele fez.
Pelo seu poder, ele governa para sempre,
e os seus olhos vigiam as nações.
Que ninguém se revolte contra Deus!
Que todas as nações louvem o nosso Deus!
Que cantem hinos de louvor em voz alta!
Ele nos tem mantido vivos e não nos tem deixado cair.
Ó Deus, tu nos puseste à prova. Como a prata é provada pelo fogo, assim nos provaste.
Tu nos deixaste cair numa armadilha e colocaste cargas pesadas nas nossas costas.
Deixaste que os nossos inimigos nos pisassem.
Passamos pelo fogo e pela água, mas agora nos trouxeste para um lugar seguro.
Levarei à tua casa os sacrifícios que devem ser completamente queimados; eu te darei o que te prometi.
Aquilo que prometi, quando estava em aflição, isso mesmo te darei.
Levarei ovelhas para serem queimadas no altar; oferecerei sacrifícios de touros e cabritos,
e a fumaça subirá até o céu.
Todos vocês que temem a Deus, venham e escutem, e eu contarei o que ele tem feito por mim.
Eu gritei, pedindo a sua ajuda; então o louvei com hinos.
Mas, se eu tivesse guardado maus pensamentos no coração, o Senhor não teria me ouvido.
Porém Deus, de fato, me ouviu e respondeu à minha oração.
Eu louvo a Deus porque ele não deixou de ouvir a minha oração e nunca me negou o seu amor




O Arteiro e o tempo

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Todo artista pode fazer o que quiser com o tempo. Não respeita nem os cabelos brancos do tempo.Para se ver como Artista é arteiro, não aceita as regras do tempo e o confunde.
 Por que o Artista faz isso? responde então o tempo:
 - Porque é malcriado.
O quê?
Quando termina um quadro passa verniz para me combater, mostrar quem é que manda.Mas quem pinta um quadro só quer fazer algo bonito. Coisas bonitas fazemos nós, Eu, o Espaço e a Natureza. As coisas bonitas passam.... são as regras do mundo, e o Artista não aceita, quer que fiquem para sempre.E o que você pode fazer? Nada. Antes podia fazer que a tinta rachasse. Hoje nem isso. A tinta também é contra o tempo.
Então o Artista tem razão. Você não manda nele
- Você também está contra mim!
E o tempo fecha a cara.
(Luis Fernando Veríssimo )

Citação

O que eu mais gostava em Shakespeare era a facilidade...
com que lidava com as palavras.
Parecia que, se não houvesse palavra para o que queria dizer...
ele simplesmente a inventava.
Ele poetava o idioma.

(*A Menina que não Sabia Ler", de John Harding)

O show começou...


A vida gira e gira, torce e retorce cada cadeira, cada fala, transforma cenarios, puxam, e descartam atores desta grande cena.
Embora tudo seja um grande show, atuar é um dom para poucos, e os que atuam, passam despercebidos pela vida, burlam suas lições, atropelam quem quer que seja para chegar ao centro, o ponto mais iluminado de todo palco.
Apenas um show.
Tratamos a vida como algo infinito, como uma linha firme e que nunca tem fim. Esquecemos então que somos humanos, pobre humanos mortais, que pouco custa para que nossa linha vital se rompa.
Saímos de cena.
O show acabou.

(Luana Pereira)

Auschwitz - 27-01-1945

“Escrever um poema após Auschwitz é um ato de barbárie, e isso corrói até mesmo o conhecimento de por que hoje se tornou impossível escrever poemas”


Leminski, um dia, disse: “lua à vista,brilhavas assim sobre Auschwitz?
O poeta relembra, via verso, a assombrosa catástrofe que foi a segunda guerra mundial, sobretudo, quanto ao genocídio dos judeus promovido por Hitler
.Além da beleza triste do poema em si, com sutil e sedutora sonoridade, por que há de nos interessar, hoje, a lembrança do Holocausto? Exatamente para não esquecer sua existência e, assim, esforçar-nos para que não se repita.Uma tarefa por certo imprescindível!
Leminski fez ao invocar, na contramão de romantismos, um dos símbolos mais belos e universais da literatura em todos os tempos, a Lua, e levá-la ao choque com o símbolo da barbárie, as trevas fúnebres Auschwitz..
um poeta para ser poeta tem que ser mais que poeta / é preciso deixar que a História chegue em você / dê choque em você / te chame te eleja te corteje / te envolva e te engaje .

 ( Wilberth Salgueiro)

This is the main entrance to the largest of the concentration camps, Auschwitz-Birkenau. Heinrich Himmler, Germany's minister of the interior, called it "the final solution of the Jewish question in Europe". The people who weren't killed in the gas chambers, died of starvation, infectious disease, forced labor, individual executions, and medical experiments. 90% of those killed here were Jewish.



... " Um eterno, e mudo, luto" ....


O poder de uma AVE MARIA

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Apocalypse part of 10 (salvation)



•* •* ✿ Era uma manhã ensolarada. Padre Hans havia terminado de celebrar sua Missa matutina e se preparava para a catequese das crianças. Selecionava a matéria, e escolhia alguns santinhos para premiar as crianças mais aplicadas na classe. Foi quando deparou com uma linda gravura de Nossa Senhora e a separou para quem soubesse responder à pergunta mais difícil. Nesse momento entrou o sacristão, dizendo aflito: sua mãe está muito mal. Sem demora, o bom pároco tomou os Santos Óleos e partiu, muito recolhido, adorando Jesus Sacramentado, que levava envolto numa bolsa de seda bordada com as iniciais JHS: Jesus Hóstia Santa.O caminho estava belíssimo, As flores já haviam desabrochado, o regato corria suave, fazendo cantar suas águas cristalinas, e as árvores, davam um frescor agradável. Os passarinhos cantavam e as borboletas pareciam bailar ...Padre Hans observou a beleza da paisagem, glorificando a Deus por tais dons concedidos ao homem. Chegando à casa encontrou-a mesmo muito mal.e ministrou-lhe a Unção dos Enfermos,,mas ao dar-lhe a Comunhão, notou que, por um equívoco, havia levado duas hóstias. Rezou e saiu...Quando a seu encontro um jovem gritando que alguém sofrerá um acidente e estava morrendo Padre Hans compreendeu, então, o motivo de haver pego duas hóstias. Não fora um equívoco! Era a Divina Providência que queria vir em auxílio daquela alma.quando o sacerdote perguntou-lhe, bondosamente, se fizera algo especial para merecer uma graça tão grande. Então respondeu-lhe;cada vez que o via passar com o Santo Sacramento a alguém ,eu rezava uma Ave Maria, rogando à Santíssima Virgem a graça de não morrer sem confessar e receber a Sagrada Eucaristia pela última vez. Em seguida, deu um profundo suspiro e entregou sua alma a Deus.
Na manhã seguinte, Padre Hans contou o belo fato às crianças para ensinar-lhes qual é o poder de uma Ave Maria. E premiou com o santinho de Nossa Senhora aquela que soube recitar de memória este belo trecho da oração de São Bernardo: "Lembrai- Vos, ó piedosíssima Virgem Maria, que nunca se ouvir dizer que algum daqueles que tenha recorrido à vossa proteção, implorado a vossa assistência e reclamado o vosso socorro, fosse por Vós desamparado"...•* •* ✿ •* •* ✿ •* •* ✿
(Revista Arautos do Evangelho, Jun/2009, n. 90, p. 46-47)


Vanessa da Mata - Por Onde Ando Tenho Você


levante.... dance...

domingo, 25 de janeiro de 2015

Levante, aumente o som...!!!
Mexendo! ...
Quebrando!! ...
Mãos pra cima
Tire o tapete da chão! ...
Dance muuuuito!!! Quebrando!...Mexendo!!!
Não pare, grite, agite!!! ...
Dance, quebre, mexa, sacuda, rebole, pule!!!
Aumente mais o som!!!....
Mexa esse esqueleto...!!!
Tenha sempre essa veia  que salta com a batida......!!!!
Dance sempre, pra sua circulação fluir...
Que sacrifício hein?!!
Assim ....
Na batida do som ....
Na batida do coração









Malmequer e a Cotovia

sábado, 24 de janeiro de 2015

..,na frente um jardinzinho com flores, floria um pequenino malmequer.
Desabrochava, graças ao sol, que repartia igualmente a sua luz tanto por ele como pelas outras flores do jardim.Com as folhinhas alvas e brilhantes, parecia um sol em miniatura circundado dos seus raios, florinha insignificante. Vivia satisfeito, aspirando deliciosamente o calor do sol, e ouvindo o canto da cotovia, que se perdia nos ares. Apesar de ser uma segunda-feira, sentia-se tão feliz como se fosse um domingo. Enquanto as crianças sentadas nos bancos da escola  ele, sentado na haste verdejante, estudava na formosura da natureza a bondade de Deus. Havia muitas flores altivas,  Dálias, Tulipas, quanto menos aroma tinham, mais orgulhosas se aprumavam Não se dignavam de lançar um olhar para o pequeno malmequer, que a admirava-as, Num instante, a cotovia dirigiu o seu voo, não para as dálias e tulipas, mas junto do pobre malmequer, que morto de alegria não se continha, A ave acariciou-o com o bico, cantou outra vez diante dele, e perdeu-se depois no azul do firmamento. .Apreciando reconhecido a bondade de Deus, cerrou ao cair da tarde as suas folhas, adormeceu, e sonhou toda a noite com o sol e com a cotovia. De manhã, assim que o malmequer abriu as suas folhas ao ar e à luz, reconheceu a voz do passarinho, mas o seu canto era triste.haviam-no agarrado e metido numa gaiola, suspensa entre uma janela aberta.O pequenino malmequer tinha boa vontade de lhe acudir: mas como? A compaixão pelo pobre , fez-lhe esquecer ias belezas que o cercavam, o doce calor do sol e a alvura resplandecente das suas próprias folhas. Numa tarde encaminharam-se para o malmequer e o arrancaram e o remeteram a gaiola com a cotovia Caiu a noite e não estava ali ninguém para trazer ao menos uma gota de água. Contudo o perfume que o malmequer exalava, tornou-se mais forte que de costume; a cotovia sentiu-o, e, apesar da sede  teve todo o cuidado em não tocar nem sequer de leve na flor, estendeu então as suas asas, sacudindo-as convulsivamente, e pôs-se a cantar uma cançãozinha melancólica; a sua cabecinha inclinou-se para a flor, e o seu coração quebrado de desejos e de angústias cessou de bater. Vendo este triste espetáculo, o malmequer não pôde  fechar as suas folhas para dormir; curvou-se para o chão, doente de tristeza.Vendo o passarinho morto lamentaram em lágrimas e o enterraram dentro de uma caixa vermelha lindíssima e o cobriram com folhas de rosas.obre passarinho! Enquanto vivia e cantava, esqueceram-se dele e deixaram-no morrer de sede na gaiola;; depois de morto é que o choraram e lhe fizeram honrarias pomposíssimas.
O malmequer lançaram-no para a poeira da estrada; daquele que com tanta ternura tinha amado a cotovia, ninguém se lembrou.

Moral da história...???

amigos

"Os verdadeiros amigos são a poesia da vida.
Eles enchem nossos dias de cores, rimas e risos ...
Nos mostram que mesmo em dias nublados o sol está no mesmo lugar e
nos ensinam que a chuva pode ser uma canção de ninar nas noites solitárias e vazias...
Um pedacinho do seu coração que está conosco..."

(letícia thompson)

Pedaços....

“Hoje meu coração se partiu em mil pedacinhos no chão…
Pareciam farpas espalhadas.
 Fiquei fascinada, admirando todos aqueles pedacinhos
que na dança do sol pareciam até brilhar.
Da janela uma rajada de vento levou tudo.
Diz a lenda que cada pedaço encontrou seu destino…”



(Libertária)

Livros internos

Todas as memórias de infância, eu guardo nos meus livros internos.
Nas minhas noites de tristeza, percorro suas páginas e um mundo fantástico surge na minha frente. Com total liberdade reescrevo meus contos de criança.
A imaginação é meu elixir da juventude, o antídoto contra a desesperança, a ferramenta mágica, gratuita e abundante...
(Texto: Libertária)


amor a vida


claire de Lune

Memórias...

Eu me lembro do quintal coberto por caquinhos vermelhos, salpicados de preto e amarelo, aqui e ali. E me lembro das jardineiras perfumadas de flores e ervas.
Da vassoura de palha pendurada numa parede, dos baldes de alumínio, do tanque de pedra e daquela torneira que parecia de ouro. E as cores eram tão vivas, realçadas pela luz do Sol que batia, plena, por todo o lugar. Corria de braços abertos dando voltas e mais voltas! E tentava percorrer cada pedacinho como, se assim, eu pudesse levar comigo cada um daqueles caquinhos.E o silêncio, Deus! O silêncio que só era quebrado pelo chamado dos bem-te-vis ou pelo latido de um cão, lá longe....E enquanto o dia, lentamente, escurecia tudo ficava meio alaranjado, mais fresco e até os cheiros mudavam. Então, às seis horas, minha avó ligava o rádio para ouvir a " Ave´Maria"uma música bonita. Era sempre a mesma música. E eu já sabia que era tempo de ir embora.
Era o meu reino, meu paraíso. E lá eu não queria brinquedo. Nem boneca, nem casinha com fogão. Nem gente.
Era o meu canto secreto. O quintal de caquinhos vermelhos, que sobrevive apenas na minha memória. E no meu coração.

Cheiros de Narcisa

Fora pedido a Narcisa que lhe fizesse um vestido verde. Adoro verde! É a cor da esperança!
Narcisa deu um sorrisinho maroto e disse: Esperança tem cheiro de terra molhada de chuva.
Narcisa tinha mania de botar cheiro em tudo.
O amor tem cheiro de morango miudinho, dizia. A ternura cheirava à baunilha.
Para ela a raiva tinha cheiro de amoníaco. E o rancor cheirava a sebo.
A alegria, para Narcisa, tinha cheiro de pipoca estourando, quentinha.
O tédio cheirava à roupa velha, esquecida no fundo da gaveta.E a inveja, exalava a um forte azedo. Narcisa, exalava um forte odor de carniça.
A tristeza tinha cheiro de rosa murcha e a saudade cheirava a lírio.
Liberdade tinha cheiro de maresia. O apego, cheiro de pão bolorento.
E assim... Narcisa passou pela vida, cosendo vestidos de renda, perfumando o caminho dos outros. Quando chegou aos noventa e dois anos Narcisa se foi desse mundo. E ninguém nunca conseguiu explicar porque, em meio a tantas e diversas flores que lhe cobriam o corpo dentro do caixão, dele se desprendia era um doce e intenso aroma de alecrim.
É que nenhum deles sabia que esse é o cheiro do céu.


Homens Livros

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

O Universo é uma imensa livraria. A Terra é apenas uma de suas estantes. Somos os livros colocados nela. Da mesma maneira que as pessoas compram livros apenas pela beleza da capa, sem pesquisarem o índice e conteúdo do mesmo, muitas pessoas avaliam os outros pela aparência externa, sem considerarem a parte interna. Somos homens-livros lendo uns aos outros. Podemos ficar só na capa ou aprofundarmos nossa leitura até as páginas vivas do coração.
A capa pode ser interessante, mas é no conteúdo que brilha a essência do texto.
O corpo pode ter uma bela plástica, mas é o espírito que dá brilho aos olhos.
Também podemos ler nas páginas experientes da vida muitos textos de sabedoria. Depende do que estamos buscando na estante.
Podemos ver em cada homem-livro um texto-espírito impresso nas linhas do corpo. Deus colocou sua assinatura divina ali, nas páginas do coração, mas só quem lê o interior descobre isso.
Só quem vence a ilusão da capa e mergulha nas páginas da vida íntima de alguém, descobre seu real valor, humano e espiritual.


Que nas páginas de nossos corações, possamos ler uma história de amor profundo.
Que em nossos espíritos possamos ler uma história imortal.
E que, sendo homens-livros, nós possamos ser leitura interessante e criativa nas várias estantes da livraria-universo, pois somos homens-livros, forever!
A capa amassa e as folhas podem rasgar. Mas, ninguém amassa ou rasga as ideias e sentimentos de uma consciência imortal.
O que não foi bem escrito em uma vida poderá ser bem escrito mais à frente, em uma próxima existência, ou além...
Mas, com toda certeza, será publicado pela Editora da Vida, na estante terrestre ou em qualquer outra estante por aí...

P.S.:
Há homens-livros de várias capas e cores, mas Deus é o editor de todos eles.
(Este texto é dedicado aqueles homens-livros que sabem ler nas entrelinhas do brilho dos olhos e na luz de um sorriso a graça da vida em todos os planos.)

 Wagner Borges

reflexão


Silêncio

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

♣ Entre duas notas de música existe uma nota, entre dois fatos existe um fato, entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam existe um intervalo de espaço, existe um sentir que é entre o sentir Nos interstícios da matéria primordial está a linha de mistério e fogo que é a respiração do mundo, e a respiração contínua do mundo .
 Aquilo que ouvimos e chamamos de silêncio.

(Clarice Lispector)

O Vigia do Mar


One night a man had a dream. He dreamed he was walking along the beach with the Lord. . . .


E se a maré enche ou se ela se esvai
Os olhos anotam nos pensamentos
Como aliás, cada choro ou anedota
Pouco se sabe sobre o preamar
Nada sobre a quadratura
E quando a memória lhe falta
Ele caminha na beira do mar
Anota nos pés cada grão de areia
Empurra a maresia com o peito
Senta-se para descansar
Das suas bravuras nada se sabe
Da sua linguagem pouco se entende
Mas a gente conhecendo ele
Sabe dos medos, das amarguras
Do saborear a cada dia
O desassossego de vigiar o mar

(Sarah GMB )

SemerAR

"No ar, aquela semente era levada pelo vento, não sabia o seu destino e não tinha escolha de ficar.
O vento simplesmente a impulsiona para o desconhecido lugar. Poderá semear?
Semente sem destino no ar. SemeAR.
A força da natureza parece, as vezes ilógica. Nos desperta um sentimento onde parece pouca as possibilidades, ou é tão exata que nos foge a compreensão.
Porque a natureza oferece a uma semente esta incrível sensação de não saber o seu futuro?
Olhemos a qualidade das nossas sementes, o semear será natural."


A Noite em que a noite não chegou..



Um dia, mal acordou, a noite foi espreitar pela janela e reparou que já era quase noite."Estou atrasada!", pensou ela ao ver que o sol já tinha desaparecido,mas sentia-se muito preguiçosa. Gostava muito de estar ali, no quentinho dos lençóis... Contrariada, deu uma volta e outra volta, desenroscou-se, enroscou-se e pensou lá para consigo: "Estou farta!"Havia muitas noites desde o início dos tempos que a noite chegava à hora certa sem faltar um só dia. Olhando para seu antiquíssimo trabalho, metade feito de estrelas, metade de escuros trapos, a noite deixou-se ficar na cama toda satisfeita, com uma chávena de chá numa mão e um livro de histórias na outra.Quando perceberam que a noite não chegava, as pessoas, os bichos e plantas se puseram todos a gritar: "Venha a noite! ! É preciso fazer cair a noite!" Mas era tão alta a casa onde a noite morava que ninguém se atrevia sequer a tentar chegar lá acima.Foi então que apareceu um menino rabino que pediu "com licença..." a toda a gente e se pôs a trepar pelos últimos raios de sol. Num equilíbrio despachado, pôs um pé numa nuvem, outro num cometa e, em menos de nada, chegou junto da noite. De tão entretida com seu livro de histórias, a noite nem deu por nada. E mesmo que desse nem podia adivinhar. Não estava habituada a meninos e aos seus doces passos de algodão. De mansinho, o menino rabino pôs-se a fazer-lhe cócegas nos pés. A noite desatou a rir às gargalhadas. "Ah,Ah! Ah!- Ah, Ah, Ah!" Tanto se riu a noite que caiu da cama abaixo. E, caindo, passou por estrelas e luas e sóis. Todas as luzes se apagaram à sua passagem e um manto muito grande, negro, de cetim, foi cobrindo a pouco e pouco o mundo inteiro.
O menino rabino, do esforço que fez, ficou tão cansado e com tanto sono quem nem perdeu tempo. Deitou-se logo na cama da noite e, antes de adormecer, voltou-se para ela que lá em baixo já tomara conta do mundo inteiro e disse-lhe baixinho: "Adeus, noite... Até amanhã... Boa noite..."

(José Fanha - Porto- Campo das Letras 2001.)

Céu

terça-feira, 20 de janeiro de 2015





Céu azul, céu de brigadeiro, nuvens que dançam, brincam, um convite as
mais belas e caras lembranças...o poeta das coisas, dos sentimentos... é verão, e os ipês continuam floridos...
 (O apanhador de poesias)

A pipa e a flor

O menino que confeccionou uma pipa e estava tão feliz...que desenhou nela um sorriso.Todos os dias, ele empinava a pipa alegremente; a pipa também se sentia feliz e, lá do alto,observava a paisagem e se divertia...Um dia, durante o seu vôo, a pipa viu lá embaixo uma flor e ficou encantada, não com a beleza da flor, porque ela já havia visto outras mais belas, mas alguma coisa nos olhos da flor a havia enfeitiçado. Resolveu, então, romper a linha que a prendia à mão do menino e dá-la para a flor segurar,quanta felicidade ocorreu depois!
A flor segurava a linha, a pipa voava; na volta, contava para flor tudo o que vira. Acontece que a flor começou a ficar infeliz e ciúme da pipa.( Invejar é ficar infeliz
com as coisas que os outros têm e nós não temos; ter ciúme é sofrer por perceber a felicidade do outro) Quando a gente não está perto. A flor, por causa desses dois sentimentos, começou a pensar: se a pipa me amasse mesmo, não ficaria tão feliz longe de mim... Quando a pipa voltava de seu voo, a flor não mais se mostrava feliz, estava sempre amargurada, querendo saber com quem a pipa estivera se divertindo. A partir daí, a flor começou a encurtar a linha, não permitindo à pipa voar alto. Foi encurtando a linha, até que a pipa só podia mesmo sobrevoar a flor. Há três finais possíveis para a história:
1 - A pipa, cansada pela atitude da flor, resolveu romper a linha e procurar uma mão menos egoísta.
2 - A pipa, mesmo triste com a atitude da flor, decidiu ficar, mas nunca mais sorriu.
3 - A flor, na verdade, era um ser encantado.
O encantamento quebraria no dia em que ela visse a felicidade da pipa e não sentisse inveja nem ciúme. Isso aconteceu num belo dia de sol e a flor se transformou numa linda borboleta e as duas voaram juntas.
(O apanhador de poesias)


O mundo

Um homem da aldeia de Neguá, no litoral da Colômbia, conseguiu subir aos céus. Quando voltou, contou. Disse que tinha contemplado, lá do alto, a vida humana.
E disse que somos um mar de fogueirinhas
— O mundo é isso, revelou. Um montão de gente, um mar de
fogueirinhas.
Cada pessoa brilha com luz própria entre todas as outras. Não existem duas fogueiras iguais. Existem fogueiras grandes e fogueiras pequenas e fogueiras
de todas as cores. Existe gente de fogo sereno, que nem percebe o vento, e gente de fogo louco, que enche o ar de chispas. Alguns fogos, fogos bobos, não alumiam nem queimam; mas outros incendeiam a vida com tamanha vontade que é impossível olhar para eles sem pestanejar, e quem chegar perto pega fogo.

(Eduardo Galeano)




Poeta

poeta é costureiro: confecciona amores para os olhos
desaperta a vida nas palavras
do texto ao têxtil
da palavra ao fio
costura para fora,
encantamentos
(não trabalha sob encomenda)
traz o poema aos dedos
e ainda que por vezes se alfinete
garante seu oficio
pois sabe que a poesia
jamais estará fora de moda
(Guilherme Antunes)



Um coração

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Um coração puro não julga. Ele não acusa e não compara, assim como não deseja. Um coração puro aceita e perdoa; agradece e ama. Ama de forma desinteressada. Um coração puro é aquele que só observa. Ele se expressa através de uma mente equânime, pois assiste as misérias e as alegrias sem se identificar. Através dele, o fluxo de vida e de amor não é interrompido. Ele está além dos dramas e dos jogos da natureza inferior, e sempre vibra em gratidão. Ele está sempre celebrando a vida (o sol, a lua, as estrelas, o vento, as flores, o sorriso...) e tudo que se expressa através do ser humano, porque compreende que tudo é sagrado; tudo faz parte do jogo divino. Esse coração é um símbolo que representa o seu Eu mais profundo.
Sri Prem Baba

céu da noite


❝ Olhava o céu de noite,
ela adorava as nuvens brancas no céu azul escuro.
Ficava imaginando:
eram os carneirinhos que ela contava quando pequena, antes de dormir.
Estão todos lá.
Você nunca viu uma nuvem-carneiro?
Ela já! ❞

Rachel Carvalho

A fé dispensa meu raciocínio, ela convoca é minha alma para brilhar.
A fé extrai de mim a minha essência, ás lágrimas quentes, o sorriso aberto, a certeza que estou aqui por algum motivo que talvez eu nunca saiba qual é, e que mesmo assim sinto uma gratidão muito profunda por ter sido convocado para essa missão.
Eu sou um semeador e a semente ao mesmo tempo.
Sou pai e sou filho, irmão, amigo e amor.
Cada um tem a idade do seu coração, da sua experiência, da sua fé, porque para eternidade tudo que somos é apenas nossa consciência, o registro da nossa existência é o que sentimos, é o que fizemos com as nossas oportunidades.
Não tenho tempo para ressentimentos ou para acusações quando ao invés de pensar, eu sinto.
A minha alegria de estar aqui é maior do que a minha dor.
A minha fé, quando tenho que atravessar as mais densas trevas de minha jornada, resplandece mais viva, me transforma, me engradece, me expande, me perdoa, me quebra e me faz outra vez, e outra vez, e outra vez e tantas outas vezes quantas forem necessárias.
A minha fé se renova a cada manhã, sou um ser eterno, sou uma alma que percorre uma longa jornada até a luz, eu sou um espirito cujo registro neste universo quer se religar ao princípio, quer voltar para o início, quer voltar para casa depois de uma longa viagem, quer finalmente encontrar Deus e dar um abraço apertado em agradecimento por ele ter me permitido existir....

(André Aquino)



Pedra no caminhp

Uns chamam de "pedra no caminho"; já eu entendo isso como uma resposta da vida, dizendo: - Pausa, respira, reflete melhor sobre as tuas escolhas, pondera. Aprende, moça: a pedra é só uma desculpa que o caminho encontrou de chamar a tua atenção.
Ela não carrega toda a culpa, não é um empecilho, é a vida pedindo para frear. Vai com calma, com cuidado e com carinho e quando passar vai enxergar a sua importância!

Bibiana Benites

A Dança da Vida

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015



"Há um desejo infinito que nos habita enquanto futuro somos arte constituídas pela falta. O que nos compõe se veste de eternidade, e a felicidade espantada se estende absorvida pelos instantes intermináveis. E a vida nesse assombro de riqueza desperta amanhecida de esperanças decorando nossas emoções. Ela dança no meio da roda pra virar Poesia. Um Ser desejante destinado a beleza que não cessa e, nos inaugura enquanto somos incompletude que abandona a terra para estrear no céu. E, é isso que nos amplia e nos estabelece no limite do impronunciável. Somos compostos de palavras que nos aguardam para nos (re)criar, e todos os dias (re)nascer"

[ Rosangela Brunet ]

Bruce Springsteen - Secret Garden


Fabrício Carpinejar

Não há quem não feche os olhos ao cantar a música favorita.
Não há quem não feche os olhos ao beijar, não há quem não feche os olhos ao abraçar.
Fechamos os olhos para garantir a memória da memória.
É ali que a vida entra e perdura, naquela escuridão mínima, no avesso das pálpebras.
Concentramo-nos para segurar a dispersão, para segurar a barca ao calor do remo.
O rosto é uma estrutura perfeita do silêncio. Os cílios se mexem como pedais da memória.
Experimenta-se uma vez mais aquilo que não era possível.
Viver é boiar, recordar é nadar.


Fernanda Mello

Tenho o desassossego dentro da bolsa.
 E um par de asas que nunca deixo.
Às vezes, quando é tarde da noite, eu viajo.
 E - sem saber - busco respostas que não encontro aqui.


Pensamento

O coração é o cordão umbilical da alma!

 João Alvarez

Ana Elizabeth Baade

Que o sal da terra que me devaneia junto com a era, nunca me sucumba por entre os seus escombros, para que eu veja o dia e nunca rasteje como lagarta, que semeia o broto da ilusão, que eu me sinta segura em suas raízes, para que meus pés estejam sempre firmes no chão, para que em meus sonhos eu possa voar bem alto, mas sempre com a sola dos meus tendões bem firmes no tempo que me leva no vento, mas que me valha mais a minha liberdade, e mais ainda a retina da minha visão!


just dance

Do chão



 Há na terra paisagens que às vezes não são de cores... castanho, ou negro. Só vem a morrer... porque chegou o seu último fim. Aos gritos.                                                                         Não faltam só cores...Há dias tão duros e frios...outros em que se não sabe de ar para tanto calor. Quieto o vento, não se dá por nada, nem mesmo passando perto. O céu tanto lhe dá por faltar... e para baixo desmaia-se em barro por fado de vida, tendam com o tempo a fechar-se entre deserto. Almas mortas, ou ainda vivas?    
Uma enorme massa de nuvens, densa e enrolada, mergulha mal definido ao descampado que  parece inatingível, uma comparação, seria talvez saudade.                                         Ameaça cordas de água regular, mas daquelas para muitas horas... se é o céu que molha, se a paisagem que encharca...são os desabafos quando outros de melhor consonância se estão longe... e por suas razões vai atravessando... e aclarando o que não estava, antes mais carregado de ti. Por diferentes palavras mas igual sentido se explica o lamento...  meu coração defeituoso, ainda bem...