"Ostra feliz não faz pérolas

quarta-feira, 4 de novembro de 2015


Esse para mim é um dos livros mais lindos de Rubem Alves (Só perde para o Amor que acende a lua!).
Num dos textos da obra ele relembra como nasce a pérola que, na verdade, deriva de uma agressão à ostra. Essa agressão não se dá na casca e sim, no seu interior. Para se proteger do agente agressor que a fere, a ostra libera um material que a isola do intruso e que formando camadas e mais, em seu entorno, até se transformar no desejo de consumo, uma linda e reluzente pérola. Todos passamos por momentos da vida em que somos machucados, magoados. As vezes nos ferimos imensamente. As vezes essas dores são causadas por termos ferido alguém. E isso gera uma dor muito grande dentro de nós. São as chamadas "dores da alma". E assim como a ostra, nós também tentamos nos "proteger" da dor.
Para virar pérola precisamos receber a dor e aceitá-la e ter a coragem de vivê-la, senti-la, por maior que ela seja. Falar, chorar e até compartilhá-la Porque a dor que se compartilha fica mais leve, mais suportável. Não a transferimos, apenas faz com que ela deixe de nos assustar... É a partir dessa vivencia que começamos a soltar o "nácar" (material que a ostra libera) para envolver a ameaça interna que nos agride. Inicia então, a bela construção de algo melhor, bonito, pleno dentro de nós. Sofrimento que faz pérola não precisa ser sofrimento físico. Raramente é sofrimento físico. Na maioria das vezes são dores da alma. É o momento de labutar com afinco, com carinho, com amor por nós mesmos. Sem medo, sem amarras, com fé e autoaceitação.

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