ouço as vozes longínquas
dos homens que não cataram
recordo dias felizes que não vivi
existem-me vidas que nunca foram
vejo luz onde só há trevas.
Sou um dia em noite escura
Sou uma expressão de saudade.
Saudade…
-de que? De quem?
Nunca vi o sol
que tenho a recordar?
Ah!
Esta mania de imaginar
e de inventar mundos
homens, sistemas, luz!
viver nas coisas, nos rumos fechados
na escuridão das noites
a palpitante existência
dos dias de sol.
Esta saudade do nada
esta loucura.
Volvamos à realidade
sonhador!
Agostinho Neto, in Sagrada Esperança
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