Serenidade

sábado, 10 de outubro de 2015

A serenidade é conhecimento supremo e amor, é uma virtude, é indestrutível e cresce com a idade. O poeta que celebra, na dança dos seus versos, as magnificências e os sofrimentos da vida, o músico que lhes dá os tons de uma pura presença, trazem-nos a luz; aumentam a alegria e a clareza sobre a Terra, mesmo se primeiro nos fazem passar por lágrimas e emoções dolorosas. Talvez o poeta cujos versos nos encantam tenha sido um triste solitário, e o músico um sonhador melancólico: isso não impede que as suas obras participem da serenidade das estrelas. O que eles nos dão não são mais as suas escuridão, a sua dor ou o seu medo, é uma gota de luz pura, de eterna serenidade. Mesmo quando povos inteiros, línguas inteiras, procuram explorar as profundezas cósmicas em mitos, cosmogonias, religiões, o último e supremo termo que poderão atingir é essa serenidade.
(Hermann Hesse, in 'O Jogo das Contas de Vidro')



PERFUME DOS SONHOS

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