CONTO DO CORAÇÃO

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Sinto uma energia sutil... Elevo meus pensamentos a vôos livres... Subitamente, sinto uma saudade lancinante invadindo o coração... e, ao mesmo tempo, sinto a serenidade e o amor descendo em mim.
Então, oro para que a luz toque o coração. Ainda sob a emoção... surpreendo-me a entender que a ausência está repleta de terna presença e, que nada jamais está perdido ou esquecido... que a memória é a graça da transfiguração que cura as feridas, que, embora a tempestade possa rugir... a sabedoria é concedida... que o amanhecer e o crepúsculo se unem, para habitar em sonhos mais profundos no interior do abrigo afável suave da graça restauradora na morada da dor.
A vida amplia-se para que a alma seja livre como as sempre renovadas ondas do mar. Se desperta para o mistério de estar aqui e compreender a silenciosa imensidão da alma que é manter o ardor no coração e a celebrar uma simetria secreta com a vida, uma dádiva sagrada tecida benevolente no olhar já como moldura ampla para os sonhos.
Jamais tinha percebido com a alma a cor dos meus olhos antes... o perfume doce a invadir meus pulmões, meu coração... um intuído a sentir o vento... até a experiência intensa, fulgaz alicerçada em sentimentos elevados, em seqüência o amor. Um grande amor, no seu profundo significado, aquele que exige séculos de reencontros entre dois seres, das sucessivas vidas do espírito.
Porém, a sintonia entre ambos permanece como uma promessa incorporada à alma, como força de vida indestrutível.
Ama-se para a eternidade.
Ontem, vi uma gaivota voando... uma sensação a despertar no tecido, na célula... um pensamento a se apossar e a alma a espiar de seu esconderijo passou a emergir do sono ao coração insinuosas verdades luminosas como as estrelas... um toque entreabre e furta-se para dentro, um beijo no coração adormecido, então um sorriso desabrocha... E o olhar se fez ver além... lembrei de você... A alma se encheu de lembranças... Lembranças que viajam pelo céu do coração... Coisas que o tempo leva... Então, que esses escritos viajem...
Que o vento do amor leve essas palavras a quem de direito, como deve ser...

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